As doenças autoimunes mais frequentes

As doenças autoimunes mais frequentes

O que são as doenças autoimunes?
O sistema imunológico é formado por uma rede de órgãos, tecidos e células especializadas, que tem como função manter a integridade do nosso organismo, protegendo-o de agressões externas, como aquelas causadas por vírus, bactérias e outros agentes infecciosos.

Na doença autoimune ocorre o oposto. Ou seja, existe um desequilíbrio do sistema imunológico que altera sua função de defesa, sendo que os anticorpos atacam o próprio organismo e, consequentemente, provocam inflamações que podem atingir vários órgãos.

As causas que provocam as doenças autoimunes são desconhecidas. Existem mais de 80 tipos de doenças autoimunes e mulheres, entre 20 e 45 anos, são as mais atingidas. Entre as mais comuns, podemos citar:

Esclerose Múltipla: afeta uma substância do sistema nervoso central chamada mielina. A mielina envolve partes importantes das células nervosas, sendo essencial para que a condução dos estímulos nervosos ocorra de forma adequada, de um ponto para outro do sistema nervoso central. A destruição da mielina causa incapacidade motora (fraqueza nos braços e/ou pernas) e perda de sensibilidade do lado direito ou esquerdo do corpo. Como consequência, o paciente tem dificuldade para andar e perde, inclusive, o controle da micção.

Lúpus Eritematoso Discoide: afeta apenas a pele, geralmente, a pele do rosto e do couro cabeludo.

Lúpus Eritematoso Sistêmico: afeta a pele e vários outros órgãos.

Psoríase: tal como o lúpus, a psoríase também acomete a pele. Menos comumente, a psoríase pode atingir o couro cabeludo e as articulações (cotovelos e joelhos). Ocorre rápida formação das células cutâneas (que se caracterizam por manchas vermelhas) chamadas de lesões psoríase, que se descamam na sequência. Enquanto no lúpus o sol é prejudicial, na psoríase é benéfico.

Artrite reumatoide: a inflamação causada pelo desequilíbrio do sistema imune, começa em uma membrana que envolve parcialmente as juntas chamada de membrana sinovial. Provoca a inflamação crônica das articulações.

Anemia hemolítica autoimune: destruição precoce dos glóbulos vermelhos (eritrócitos) sem dar tempo de serem repostos pela medula óssea. Os glóbulos vermelhos tem a função de fazer o transporte de oxigênio pelos diferentes tecidos do corpo humano. Nas pessoas saudáveis, os glóbulos vermelhos duram cerca de 120 dias antes de serem descartados pelo organismo.

Resistência à insulina no diabetes: Diabetes Mellitus Tipo 1

Doença celíaca: doença autoimune, que afeta o intestino delgado interferindo diretamente na absorção de nutrientes essenciais ao organismo como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e água. Caracteriza-se pela intolerância permanente ao glúten em pessoas geneticamente predispostas. O único tratamento é a dieta isenta de glúten por toda a vida. Caso uma pessoa com doença celíaca consuma alimentos com glúten ou traços de glúten, isso vai provocar uma reação imunológica no intestino delgado, uma inflamação crônica que impede a absorção dos nutrientes. A doença celíaca pode se manifestar em crianças, adultos e idosos. Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial é celíaca. Na última década aumentou no Brasil a consciência sobre a doença celíaca. Afeta em torno de 2 milhões de pessoas no Brasil, mas a maioria dessas pessoas ainda estão sem diagnóstico.

Esclerodermia: caracterizada por uma produção excessiva de colágeno com deposição na pele e em vários outros órgãos.

Polimiosite: inflamação dos músculos que causa intensa fraqueza.

Tireoiditeautoimune (Doença de Hashimoto): os anticorpos atacam as células da tiroide e provoca a queda de sua função.

Encefalite autoimune: produção de anticorpos contra um canal de passagem de íons neuronais. O quadro é descrito por crises convulsivas e alteração do comportamento seguido de déficit cognitivo e, muitas vezes, torpor e coma. Esta doença é mais frequente em pessoas jovens, principalmente mulheres. Quando descoberta e tratada precocemente, a encefalite autoimune apresenta uma boa resposta. Por isso, todo paciente com alteração comportamental deve ser avaliado por um neurologista.

Hepatite autoimune: o organismo da mulher no período fértil pode agredir o fígado, ao que se conhece como hepatite autoimune. Provoca icterícia e pode evoluir para cirrose hepática.

Síndrome de Sjögren ou Síndrome seca: nesta doença, as glândulas salivares e as glândulas lacrimais que são agredidas pelo sistema imunológico. Devido à inflamação gerada por esta agressão passam a funcionar mal e diminuir a produção de saliva e lágrimas, respectivamente. Embora possa ocorrer em qualquer pessoa, inclusive crianças, nove entre dez pacientes são mulheres em torno dos 40 anos de idade. Esta doença pode surgir sozinha, sendo então denominada síndrome de Sjögren primária, ou pode acompanhar outras doenças, como a artrite reumatoide e, então, é denominada secundária.

Atualmente, com uma nova classe de medicamentos que foi introduzida na Medicina, pesquisadores descobriram que inibindo os sinais da citocinas é possível impedir a inflamação e, portanto, parar a progressão das doenças autoimunes. Leia mais sobre este assunto: Medicamentos Imunobiológicos

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Este conteúdo é exclusivo do capítulo de Reumatologia do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel). Médico responsável Prof. Dr. Cristiano Zerbini, Coordenador do Núcleo Avançado de Reumatologia do Hospital Sírio Libanês e Diretor do Centro Paulista de Investigações Clínicas.