Como é feito o transplante de medula óssea

Como é feito o transplante de medula óssea

O que é medula óssea?
A medula óssea é o único órgão líquido do ser humano e está alojada dentro dos ossos (quadril, fêmur, úmero, esterno, crânio, costelas) - veja ilustração na parte superior ao lado esquerdo da foto. Conhecida popularmente como tutano, a medula óssea é responsável pela formação do sangue por meio de células chamadas de pluripotentes, "células mães".

Qual a diferença da medula óssea e da medula espinhal?

A medula óssea é um tecido líquido gelatinoso localizado dentro dos ossos. Já a medula espinhal é formada por tecido nervoso e está localizada dentro da coluna vertebral. A função da medula óssea como já dissemos acima é produzir os componentes do sangue que são as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. Já a medula espinhal tem como função transmitir os impulsos nervosos do cérebro para todo o resto do corpo.

Como é feito o transplante de medula óssea?

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o transplante de medula óssea é um processo clínico e não cirúrgico. O transplante consiste na retirada de parte do líquido de dentro da medula óssea, no sentido de se obter as células mães.

A obtenção dessas células, que são capazes de formar sangue, pode ser feita não apenas diretamente na medula óssea, como, também, mais modernamente, pela filtração do próprio sangue que percorre as veias através de máquinas especiais.

O sangue do cordão umbilical também é fonte de células precursoras da medula - clique no link azul e saiba mais coleta e doação do cordão umbilical para o tratamento de doenças graves

Qualquer pessoa pode ser doador da medula óssea?
Existem três tipos de transplante de medula óssea:
Alogênico: o doador é outra pessoa, em geral um irmão;
Singênico: o doador é irmão gêmeo univitelino (idêntico);
Autólogo: o paciente é o próprio doador.

Como é feito o transplante quando o paciente é o próprio doador (transplante autólogo)?

No transplante autólogo o paciente é submetido a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula para depois receber de volta uma medula sadia tal como se fosse uma transfusão de sangue.

1. A primeira parte do procedimento é feito com a coleta das "células mães" do sangue periférico da medula óssea que é armazenado sob refrigeração.

2. Em uma segunda etapa são realizadas altas doses de quimioterapia com o objetivo de curar o câncer. Com a administração dessas doses, ocorrerá um dano irreparável na medula óssea que está no paciente.

3. Em geral, 48 a 72 horas após a quimioterapia, as "células mães" retiradas previamente ao tratamento são devolvidas à medula óssea, para que haja uma reconstituição do funcionamento da formação de sangue.

4. O paciente fica internado por aproximadamente três semanas até que as células devolvidas a medula tenham tempo de se desenvolverem e alcançar as taxas dentro da normalidade. Durante este período o paciente pode ter febre, infecções e hemorragias por isso a necessidade de cuidados especiais.

No caso do transplante de medula ser realizado com um doador. Como é feito e quais os riscos que oferece ao doador?

Antes da doação, o doador faz um rigoroso exame clínico incluindo exames complementares para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.

O doador fica internado por 24 horas e nos primeiros três dias após a doação, pode sentir um desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana.

O que é compatibilidade e qual a chance da medula do doador ser incompatível com o paciente receptor?

A compatibilidade é determinada por um conjunto de genes localizados no cromossoma 6, que devem ser iguais entre doador e receptor. A análise de compatibilidade é realizada por meio de testes laboratoriais específicos, a partir de amostras de sangue do doador e receptor, chamados de exames de histocompatibilidade.

Com base nas leis de genética, as chances de um indivíduo encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%. Para que se realize um transplante de medula é necessário que haja uma total compatibilidade entre doador e receptor. Caso contrário, a medula será rejeitada.

O que fazer quando não há um doador compatível?

Quando não há um doador aparentado (geralmente um irmão ou parente próximo, geralmente um dos pais), a solução para o transplante de medula é fazer uma busca nos registros de doadores voluntários, tanto no REDOME (o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) como nos do exterior.

No Brasil, a mistura de raças dificulta a localização de doadores compatíveis. Mas hoje já existem mais de 21 milhões de doadores em todo o mundo. No Brasil, o REDOME tem mais de 3 milhões de doadores

Como eu faço para me tornar um doador de medula óssea?

Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde poderá doar medula óssea. Esta é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, e se recompõe em apenas 15 dias.

• Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue com 5 ml para testes. Estes testes determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.

• Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que estão necessitando de um transplante.

• Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para exames complementares e para realizar a doação.

• Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade entre as células do doador e do receptor. A chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de UMA EM CEM MIL!

• Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte.

• A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e de amor ao próximo.

É possível se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos Hemocentros nos estados. Clique no link e encontre o hemocentro mais próximo de você.

Que tipos de câncer podem ser tratados com o transplante de medula óssea?

Várias são as indicações de transplante de medula óssea, algumas até controversas. Abaixo algumas doenças que podem ser tratadas com transplantes de medula óssea:

Câncer e doenças hematológicas (sanguíneas)
• Leucemias agudas e crônicas
• Alguns tipos de anemia
• Linfomas
• Mielomas múltiplos

Câncer e tumores
• Câncer de testículos
• Neuroblasoma (tumor cerebral)

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Fonte: Conteúdo do livro MEDICINA - MITOS & VERDADES (Carla Leonel) Capítulo de oncologia. Médico responsável Dr. Rene Gansl (Médico oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein).