Complicações após cirurgia da próstata

Complicações após cirurgia da próstata

A remoção cirúrgica da próstata ocorre mais frequentemente em duas situações patológicas: a hiperplasia benigna e o câncer de próstata. Os aspectos técnico cirúrgicos e as consequências são muito distintos para cada caso.

Na hiperplasia benigna da próstata, o fundamento cirúrgico é a remoção apenas do tecido hiperplásico. Assim, se compararmos a próstata a uma laranja, o princípio técnico consiste em remover apenas o miolo, mantendo intacta a casca (cápsula da próstata). Isso é preferencialmente realizado através de endoscopia uretral, com ressecção do tecido por corrente elétrica (RTU), eletrovaporização da próstata (EVA) por corrente elétrica de alta potência ou, ainda, pelo laser.

Nos casos de próstatas muito volumosas (acima de 80g), a via endoscópica não permite a retirada adequada do tecido hiperplasiado (aumentado), sendo necessária a cirurgia através de incisão abdominal.

Todas essas cirurgias podem ter complicações, embora pouco frequentes, que dependem da técnica utilizada e da habilidade do cirurgião: sangramento, necessitando transfusão; e estreitamentos uretrais, provocando dificuldade para urinar. Raramente, pode ocorrer incontinência urinária (perda do controle de micção). Quando ocorrem tais complicações, o paciente tem de se submeter à nova terapêutica para tratá-las.

É importante lembrar que esse tipo de cirurgia tem como consequência uma diminuição do volume ejaculado, pois, como já foi dito anteriormente, a próstata é responsável por 30% do esperma.Entretanto, devido às alterações decorrentes da cirurgia, o restante do líquido, no momento da ejaculação, desemboca na bexiga ao invés de sair pelo pênis. O homem passa então a ter um orgasmo seco, e o esperma é eliminado junto com a urina, no momento da micção.

Na prostatectomia radical, o orgasmo também é seco, porém não existe mais a formação de esperma no indivíduo. Vale ressaltar que essas alterações não alteram a libido e o prazer. A prostatectomia radical, cirurgia realizada para cura do câncer da próstata, remove em bloco a próstata com sua cápsula e as vesículas seminais e pode ter como complicações: sangramento, necessitando transfusão; estreitamento na zona de sutura da bexiga à uretra; e incontinência urinária em cerca de 3% a 5% dos casos.

Existe um grande misticismo relacionando a próstata ao desempenho sexual masculino. É importante ressaltar que a próstata não desempenha qualquer papel no mecanismo de ereção peniana ou na libido (apetite ou desejo sexual). Por outro lado, a integridade do feixe vasculonervoso (por onde passam as artérias e nervos) que atinge os corpos cavernosos do pênis é fundamental para o processo de ereção, e ele pode, com alguma frequência, ser lesado durante a cirurgia para cura do câncer da próstata, pois passa adjacente à cápsula da glândula. Dessa forma, pode ser comprometida a potência, mas não a libido do paciente.

Já nas cirurgias para correção da hiperplasia benigna da próstata, a ocorrência de lesão do referido feixe é muito remota. Mesmo que devido à cirurgia o paciente apresente distúrbio total ou parcial da ereção, deve-se lembrar que o propósito da cirurgia é a cura de uma doença potencialmente fatal. Além disso, os avanços na pesquisa e na terapêutica da impotência sexual permitem que praticamente todos os pacientes com transtornos de ereção peniana voltem a ter atividade sexual satisfatória. Leia: Problemas de ereção, o que fazer?

Desde 2008, novas técnicas cirúrgicas forma incorporadas no Brasil e sendo aperfeiçoadas para diminuir os riscos de sequelas na cirurgia. Leia o artigo: Prostatectomia robótica comparada à cirurgia convencional

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Conteúdo do livro MEDICINA - MITOS & VERDADES (Carla Leonel ) Capítulo de urologia. Médico responsável Prof. Dr. Sami Arap (Prof. Titular Emérito da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina - USP e Coordenador do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio Libanês.