Erro alimentar

Erro alimentar

É muito frequente a ocorrência de distúrbios digestivos desencadeados por hábitos inadequados. Sensação de queimação, azia, prisão de ventre, dor abdominal, gastrite ou até inchaços não são ocorrências a serem desprezadas. Dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde, indicam que 20% da população mundial sofre de problemas no trato digestivo, sendo que 90% não procura ajuda médica e pra piorar, prefere recorrer à automedicação.

Com exceção das pessoas com doenças crônicas e quem está sempre em luta contra a balança, na hora da fome, costuma-se comer o que está à frente. Segundo o Prof. Dr. Luiz Chehter, autor do capítulo de gastroenterologia do livro Medicina, Mitos e Verdades (Carla Leonel) é importante reconhecer os hábitos inadequados e querer resolver, pois são as mudanças de comportamento que irão solucionar o desconforto (medicamento poderá ajudar, mas não resolverá).

Os hábitos do estereotipado homem de negócios devem ser evitados e não copiados. Desconforto pós-alimentar, com empachamento, distensão abdominal e saciedade precoce é comum naqueles que comem rápido, não mastigam e/ou ingerem mais líquido que o desejável.

Hábito de comer assistindo televisão, discutindo negócios, resolvendo conflitos, entre outros, tira o foco do principal: a refeição. Passa-se a ingerir em quantidade e/ou qualidade não ideal, motivando outros problemas além do desconforto digestivo.

É comum o excesso de ingestão de frituras ou gorduras, condimentos, bebidas alcoólicas, café e doces. Não raro, ingerem o que já sabem que faz mal. Consomem poucas verduras, legumes ou frutas; fumam; têm peso corporal acima do normal; são sedentários e estressados. Deitam imediatamente após a refeição para ler, relaxar ou dormir. Não entendem o porquê de queixas como “acordo com estômago cheio e com gosto de cabo de guarda-chuva”.

A ordem agora é promoção de saúde, profilaxia (prevenção de problemas) e aquisição de hábitos salutares. Princípios básicos são bom senso, auto-observação, temperança, parcimônia e moderação. Lembrando o dia 29 de abril, Dia Mundial da Saúde Digestiva, o gastroenterologista Prof. Dr. Luiz Chehter e a nutricionista Renata Saffioti dão orientações importantes para promover saúde e evitar problemas causados pelo mau hábito alimentar.

• Mastigar é preciso
Mastigar e comer “com a cabeça” (aprender a parar de comer antes do estômago estar cheio, antes de ter desconforto).

A mastigação é essencial à uma boa digestão. Quanto mais triturados os alimentos chegarem ao estômago, mais fácil e proveitosa será a digestão e a absorção dos nutrientes.

Quando a mastigação é insuficiente, retarda o esvaziamento do estômago, já que o mesmo somente ocorre quando a partícula alimentar alcança 1 milímetro de diâmetro. O estômago funciona como uma máquina de lavar, fica “batendo” (estômago “não tem dentes” e deve preparar o conteúdo para as etapas seguintes da digestão). Portanto, deve-se mastigar bem, para que o alimento não machuque o esôfago, não entale (“pare no meio do caminho”) e não retarde o esvaziamento gástrico.

Obviamente, é exagero o sugerido por alguns especialistas: "trinta mastigações para se poder engolir o alimento". O bom senso sempre deve prevalecer.

• Coma a cada 3 horas, sem pular refeições
Comer rapidamente ou “pular” refeição, como o café da manhã ou o almoço, são hábitos que cada vez mais se repetem. Programar seis pequenas refeições diárias, em ambiente calmo e com periodicidade, além de não ficar com o estômago vazio, acelera o metabolismo, já que a cada ingestão, o organismo tem de trabalhar para transforma o alimento em energia.

Também é importante evitar um período muito prolongado de jejum que gera, consequente, posterior exagero de ingestão de alimentos.

• Durma leve
Comer muito à noite não é bom porque favorece a indigestão e, em pessoas com hérnia do hiato, provoca refluxo gástrico e esofagite.

Deite após, pelo menos, 60 minutos, ter se alimentado. Nada de lanche ou leite “noturno” imediatamente antes de deitar (deve-se evitar o assalto à geladeira ou à dispensa antes de deitar). Soneca após a alimentação é na poltrona.

• Tome água
A água é essencial no processo de digestão, pois não só facilita o processo como auxilia no combate à prisão de ventre. Só não se deve consumir altas quantidades de líquidos nas refeições para evitar a diluição dos ácidos digestivos, que pode causar refluxo ou azia.

Esteja atento com a qualidade da água a ser ingerida (não esquecendo da procedência da água em que é feita o gelo).

• Troque a farinha convencional pela integral
A farinha integral possui maior quantidade de fibras, auxiliando na digestão e evitando a prisão de ventre. Hoje há uma série de farinhas diferenciadas, como banana verde, maracujá e berinjela. Estudos científicos indicam que o seu uso constante promove o controle do diabetes, dos níveis de colesterol, do aumento da saciedade e a redução da gordura abdominal.

• Vegetais no prato
Escolha alimentos saudáveis e variados; o prato deve ser colorido. Os vegetais são saudáveis, acessíveis, pouco calóricos, ricos em fibras, vitaminas e substâncias antioxidantes que nos protegem contra o câncer, as doenças cardiovasculares, entre outras enfermidades. Podem ser consumidos por meio de saladas frias ou até cozidos.

Preocupe-se também com a origem, transporte, preparo e manipulação dos alimentos, não só em países como o nosso, como também nos desenvolvidos.

• Grãos na dieta
Pequeninos, eles são ótimas fontes de fibras, vitaminas e outros nutrientes. Entre os mais indicados estão a linhaça, a chia, a semente de abóbora e a quinoa.

• Chás à vontade
Aqueles feitos com as plantas ou ervas secas por meio de infusão guardam uma série de propriedades terapêuticas, além de hidratar. Entre eles estão o chá-verde, de hibisco, erva doce, camomila, espinheira santa, cavalinha, entre outros. O ideal, de acordo com a nutricionista, é trocar de chá a cada 30 dias para evitar possíveis intoxicações e variar as opções.

• Estresse controlado
É difícil no cotidiano corrido e plugado, mas é importante não se deixar abater. Exercícios físicos e atividades prazerosas devem ser incluídas no dia a dia para que possa ter momentos de relaxamento, paz. Aprenda também a "curtir" a alimentação. A refeição deve ser um momento de prazer.

• Refeições em família
Pessoas saudáveis sem desconfortos digestivos podem passar a tê-los por uma mudança de estilo de vida que provoque adoção de hábitos inadequados. A nutrição inadequada gera distúrbios no grupo ou meio intrafamiliar, reproduzindo problemas como obesidade ou constipação. Pesquisas já mostraram a importância desse hábito para a saúde de todos os membros. É uma forma de controle da obesidade e de se alimentar melhor. As refeições caseiras costumam ser as mais saudáveis, equilibradas e atenuam os problemas digestivos.

• Industrializados e frituras
De vez ou outra, é possível recorrer aos produtos prontos e às frituras, mas não faça do comportamento um hábito frequente. Esses alimentos são ricos em sal, gorduras indesejadas, açúcar e condimentos indesejáveis.

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES

1. Tratar adequadamente da saúde bucal. Problemas na boca dificultam a alimentação;

2. Avaliar o aspecto das fezes ; todos devem fazê-lo, vaso sanitário de cor escura não é adequado para adequada visualização;

3. Lavar as mãos antes de se alimentar e após evacuar;

4. Não andar descalço sobre a terra;

5. Vacinar-se de forma geral, em relação à gastroenterologia, para as hepatites virais ;

6. Nunca compartilhar seringas, agulhas, escovas de dentes, canudos, copos, gargalos, talheres ou hashis;

7. Mulheres devem atentar para as mudanças intestinais próprias do ciclo menstrual e da gravidez. Mulheres que sofrem de intestino preso, tendem a melhorar na época pré-menstrual, quando a liberação de prostaglandina proporciona evacuações mais fluidas e frequentes. Já a gravidez provoca a constipação.

8. Existe a absoluta necessidade de controle de doenças de outros sistemas para haver normalidade digestiva (desconforto ocorre caso não haja controle de diabetes, hipotireoidismo, insuficiência cardíaca, quadros infecciosos, doença perianal, etc.);

9. Caso, ao usar anti-inflamatório, incluindo ácido acetilsalicílico (grupo de medicamentos mais empregado no mundo todo), tenha efeitos colaterais “não mais chegue perto” de qualquer medicamento do grupo, evite-os, qualquer que seja a via de administração (oral, intramuscular, intravenosa; retal ou pele);

10. Não engula comprimido, drágea ou cápsula sem que seja com líquido e na posição sentado ou em pé (ingestão sem água e deitado equivale a agravar ou desencadear esofagite );

11. Em caso de parentesco de primeiro grau com paciente com câncer de cólon ou do estômago há absoluta necessidade, mesmo sem qualquer manifestação clínica, de colonoscopia ou erradicação da bactéria Helicobacter pylori, respectivamente;
Leia os artigos Câncer de Cólon e Câncer de estômago

12. Automedicação é sempre um problema, além de perigoso. Muitos medicamentos causam problemas no trato digestivo.Siga as orientações de seu médico.

Conteúdo do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel) - Editora CIP. Capítulo de gastroenterologia

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