Gordura localizada

Gordura localizada

O local onde a gordura vai se acumular depende de inúmeros fatores. Os principais são:
• Níveis de vários hormônios;
• Metabolismo da célula de gordura;
• Idade do ganho de peso;
• Predisposição genética.

Entretanto, o endocrinologista Prof. Dr. Alfredo Halpern observa que existem outros fatores ainda por descobrir. O modo como todos esses fatores interagem é bastante complexo, mas pode-se afirmar, a grosso modo, que o estrogênio na mulher favorece a deposição de gordura nos quadris e nas coxas, e diminui a gordura do abdome (chamada obesidade ginóide, periférica ou "em pêra"). Sabe-se também que a progesterona é um hormônio "engordador".

Já o cortisol (hormônio produzido pela glândula suprarrenal) favorece o acúmulo de gordura no abdome, chamada obesidade androide, central ou "em maçã", e confere incidência maior de doença cardiovascular e diabetes mellitus, pois não está apenas na região subcutânea (embaixo da pele), mas também nas vísceras (órgãos abdominais, artérias e veias).

O adipócito (célula gordurosa) possui receptores de catecolaminas — substâncias que se encaixam nesses receptores como uma chave e desencadeiam uma resposta que podem iniciar a queima de gordura (quando um tipo de receptor é ativado, o tipo beta) ou impedir a queima de gordura (quando o outro tipo de receptor é ativado, o alfa). A variação na quantidade ou na atividade de um ou de outro tipo de receptor pode levar ao acúmulo preferencial de gordura em uma ou outra região.

Quanto ao fator idade, sabe-se que as células gordurosas vão perdendo a capacidade de se dividir à medida em que se chega à idade adulta:
No caso de uma criança quando engorda e se torna obesa, ocorre principalmente um aumento do número de adipócitos, tendendo à obesidade mais periférica, chamada gordura hiperplásica — região glútea, quadris e coxas (gordura ginoide periférica, gluteofemoral).
• Por outro lado, em uma pessoa que sempre foi magra e que engorda na idade adulta, ocorre um aumento do tamanho dos adipócitos, tendendo à obesidade mais central, chamada gordura hipertrófica — abdome e vísceras (gordura androide, central, visceral).

Muitas vezes, percebemos que existe um padrão familiar de acúmulo de gordura, embora os fatores mencionados acima e/ou outros fatores possam, de algum modo, estar participando dessa herança.

Vale lembrar que a obesidade abdominal desaparece com mais facilidade e é, frequentemente, a região onde primeiro notamos a perda de peso. A obesidade de quadris é mais resistente ao tratamento. Portanto, não é raro observarmos pacientes que atingem o peso normal e ainda apresentam deposição alterada de gordura corpórea, com face e tronco magros, e região glútea e coxas ainda com gordura em excesso.

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Este conteúdo é do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel) - Editora CIP. Capítulo de endocrinologia. Médico responsável Prof. Dr. Alfredo Halpern.