Tipos de anestesia: riscos e indicações

Tipos de anestesia: riscos e indicações

Quais são os tipos de anestesia? Qual a diferença entre elas?
Os tipos de anestesias mais usadas são: anestesia geral, raquidiana, peridural, plexo braquial e local. Além das indicações, tipo de cirurgia e técnicas necessárias durante procedimento cirúrgico, o local onde o anestésico é colocado é que leva o nome da anestesia.

Par você entender melhor, segue uma pequena explicação:

A medula (prolongamento do sistema nervoso) se encontra dentro do osso que popularmente chamamos de “espinha” (canal vertebral). Ela é envolvida por três camadas de tecidos (as meninges):

• A camada superficial é a dura-máter;

• A camada intermediária é chamada de aracnoide;

• Pia-máter (camada interna).

Entre as estruturas ósseas da coluna e a dura-máter se encontra o espaço epidural. O líquido cefalorraquidiano (liquor) encontra-se entre a pia-máter e a camada intermediária.

• Na anestesia epidural (ou peridural), o anestésico é colocado nesse espaço e, por difusão, alcança o líquido cefalorraquidiano.

Na raquianestesia, a agulha avança um pouco mais e punciona-se o saco dural para injetar o anestésico diretamente no líquido cefalorraquidiano. Há poucos milímetros de distância entre o local de injeção da anestesia peridural e o da raquianestesia.

A anestesia peridural presta-se a técnicas contínuas. Ela é realizada com agulhas mais calibrosas e permite a introdução de cateteres, por meio dos quais é possível administrar anestésicos repetidas vezes. Por esse processo, os efeitos anestésicos podem ser prolongados pelo tempo que se desejar.

Já a raqui é, geralmente, uma anestesia de dose única, utilizada em intervenções cirúrgicas relativamente mais curtas, que oferece menor possibilidade de adaptação da dose às necessidades do paciente. Para esse procedimento, utilizam-se agulhas muito finas, por meio das quais injeta-se o anestésico diretamente no líquido cefalorraquidiano.

• Na anestesia do plexo braquial, injeta-se o anestésico junto aos plexos nervosos, responsáveis pela sensibilidade e motricidade do braço. É uma anestesia aplicada na região do pescoço (cervical) ou axila. O plexo braquial parte da medula na coluna cervical e alcança a região axilar, de onde se ramificam os nervos do membro superior.

Os anestésicos locais bloqueiam a transmissão dos impulsos nervosos provenientes dos tecidos agredidos, impedindo que o cérebro receba a informação correspondente. Eles são injetados próximos às terminações nervosas (bloqueios periféricos), como nervos, troncos e plexos nervosos (bloqueios tronculares e de plexos) ou medula espinhal (raqui ou subaracnóidea, epidural ou peridural). Leia também: Os riscos da sedação

Anestesia local ou regional: dependendo do caso, podem ser indicadas para operações oftalmológicas, otorrinolaringológicas e cirurgias plásticas.

• A anestesia geral pode ser aplicada de várias formas. As técnicas mais comuns são: intravenosa e inalatória.

Na anestesia intravenosa, o anestésico é injetado diretamente nas veias e, a partir delas, alcança rapidamente o sistema nervoso central e diversos outros órgãos do indivíduo. Os anestésicos são, geralmente, metabolizados pelo fígado e excretados pelos rins.

• Na anestesia geral inalatória, os anestésicos (gases ou líquidos volatilizados) são inalados. Dos pulmões, esses anestésicos difundem-se para o sangue e são transportados pela circulação até o cérebro, modulando a atividade do sistema nervoso. Quando a operação termina, basta interromper a administração de anestésicos. O paciente acorda rapidamente, pois a fração do anestésico que estava dissolvida no sangue difunde-se para os pulmões, e a respiração se encarrega de levá-la para o ambiente externo.

A anestesia geral inalatória tem aspectos muito favoráveis, uma vez que é possível variar continuamente a concentração de anestésico nos pulmões e, assim, no sistema nervoso; a eliminação dos anestésicos inalatórios independe da integridade das funções do fígado ou dos rins.

A expressão "cheirinho", usada popularmente para indicar a anestesia geral inalatória, tem a finalidade de tornar esse procedimento compreensível para as crianças. Diz-se a elas que serão submetidas a uma "inalação" ou irão receber um "cheirinho" através da máscara.

Por que alguns pacientes sentem dor de cabeça após a raquianestesia?

As queixas de alguns pacientes quanto à dor de cabeça provocada pela anestesia raqui podem estar associadas à perda de líquido cefalorraquidiano. Quando se punciona o saco dural para injetar o anestésico, produz-se um pequeno orifício pelo qual pode escoar o líquido cefalorraquidiano. Diminuindo a quantidade de líquido, toda a estrutura nervosa nele imersa tende a se estirar, causando a cefaleia.

Já os raros casos de cefaleia causada pela anestesia peridural, ocorrem apenas no caso da dura-mater ser furada acidentalmente. A cefaleia pode ser maior ou menor, dependendo do indivíduo. É muito difícil que ocorra no idoso, talvez porque as estruturas nervosas sejam mais rígidas e não se estirem facilmente.

Em que situação se administram dois tipos de anestésicos para uma mesma operação?

A ideia de se associarem duas anestesias vem desde o começo deste século, quando foi proposta a associação das anestesias geral e de condução (peridural), para abolir não apenas a consciência, no caso da geral, mas, sobretudo, bloquear completamente os impulsos nervosos vindos da região traumatizada (operada).

Ao inibir certas estruturas do sistema nervoso central, a anestesia geral apenas atenua os impulsos periféricos. A ausência de sensibilidade não quer dizer que são bloqueados todos os reflexos locais que podem ser desencadeados durante a estimulação. Esses estímulos vão chegando ao sistema nervoso central e, apesar de não serem interpretados como estímulos dolorosos, continuam provocando reflexos. Em função da estimulação cirúrgica, pode acontecer, por exemplo, o aumento da frequência cardíaca ou a hiperatividade de uma série de hormônios.

A capacidade da anestesia peridural e raqui de abolirem esses reflexos é bem maior que a da anestesia geral. E a associação da anestesia geral com uma delas, acaba permitindo um equilíbrio maior das diversas funções orgânicas. Outra vantagem da associação é que, terminada a operação, o anestésico local injetado na peridural continua agindo, atenuando a dor nas primeiras horas de pós-operatório.

Respostas do Prof. Dr. José Luiz Gomes do Amaral: Professor Titular da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva da Escola Paulista de Medicina, Ex- Presidente da Associação Médica Mundial e autor do capítulo de Anestesiologia do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel). Conteúdo do livro.

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