Por que meu intestino não funciona direito?

Por que meu intestino não funciona direito?

Por que meu intestino não funciona direito? É comum, mesmo sem qualquer desconforto, você se achar que está com prisão de ventre quando não vai todos os dias ao banheiro. Por outro lado, quem tem por hábito evacuar três vezes ao dia e passa a fazê-lo somente uma vez, também acha que "ficou constipado".

O gastroenterologista Prof. Dr. Luiz Chehter esclarece que para configurar a prisão de ventre é necessária a presença de pelo menos uma das condições citadas a seguir:

• Evacuar menos que três vezes por semana ou a intervalo superior a 3 dias;

• Eliminar fezes duras, fragmentadas, escurecidas, ressecadas ou em pequeno volume (em cíbalos, “bolinhas” ou “como de cabrito”); à s vezes finas “como um lápis”;

• Evacuar de forma incompleta ou insatisfatória (“restou fezes a eliminar”);

• Esforçar-se em demasia, ter dificuldade ou necessitar de manobras para defecar (remoção digital das fezes ou pressão sobre o períneo ou vagina);

• Dor anorretal ou perineal ao evacuar;

• Dor ou desconforto abdominal pelo fato de não evacuar.

A prevalência de constipação é muito variável e predomina em adultos ocidentais, com taxas entre 10 e 30%. As mulheres e os meninos são os mais acometidos.

1) As mulheres em relevância de duas a três vezes maior, especialmente quando grávidas.

2) Também predomina em pessoas com mais de 60 anos (surge ou piora com a idade).

3) Os sedentários também sofrem mais por prisão de ventre.

Nas mulheres a causa é associada à rejeição do uso de banheiros públicos com a consequente repressão da vontade de evacuar, ou também à flacidez do assoalho pélvico e da parede abdominal, secundários a vários partos.

Mulheres constipadas tendem a melhorar na época pré-menstrual, quando a liberação de prostaglandina proporciona evacuações mais fluidas e frequentes.

A prisão de ventre decorre, principalmente, da inadequação do reflexo gastrocólico e da negação em atender o reflexo da evacuação. Por isso, sempre que sentir vontade de ir ao banheiro, não deixa para depois.

O reflexo gastrocólico ocorre depois da alimentação, especialmente após o período mais prolongado de jejum e quanto maior for o volume ingerido (maior distensão gástrica).

o prejuízo do reflexo de evacuação ocorre pela redução do volume das refeições e, especialmente, com a abolição do café da manhã. Quem come pouco, não tem volume suficiente para promover a evacuação.

Quando o reflexo da evacuação acontece em local ou horário incompatível com a circunstância (viagem, compromisso, falta de sanitário), a defecação é postergada mediante a contração voluntária do esfíncter anal (proteção que evita a perda de fezes). Todavia, os indivíduos que reprimem repetidamente o reflexo da evacuação têm por consequência a perda progressiva da sensibilidade à distensão da ampola do reto por fezes, agravando ou desencadeando a prisão de ventre.

Alguns medicamentos também podem desencadear ou agravar a prisão de ventre. As mais comumente envolvidas são as empregadas para depressão, parkinsonismo, convulsão e ansiedade; além dos sais de ferro ou de alumínio e até os laxativos.

Outra causa importante da prisão de ventre é o uso abusivo de laxantes. De maneira geral, a pessoa com prisão de ventre toma muito laxante, cujo excesso provoca efeito pior que a doença em si. Nesse caso, é preferível ficar sem evacuar do que tomar laxante pois estimula a eliminação de muita água.

O uso prolongado de laxativo pode comprometer os movimentos do intestino grosso, provocando, a longo prazo, piora na prisão de ventre. Esse fato acaba levando a um cólon (intestino grosso) sem motilidade (sem movimento), que é chamado de cólon catártico.

O tratamento da prisão de ventre funcional deve ser orientado no sentido de o paciente ingerir mais fibras, encontradas nas verduras, cereais e frutas. Indicam-se: mamão ingerido com as sementes (sem mastigá-las), laranja com o bagaço, ameixas pretas, farelo de trigo e de aveia, e arroz integral. Existem inúmeros produtos comerciais à base de fibras. O ideal é ingerir no mínimo 30 g de fibras por dia, tomar bastante água fora das refeições e evitar tomar laxantes.

Treinar o intestino (clique e saiba mais) e manter a postura correta no vaso sanitário também ajuda. Na posição sentada, com o apoio dos membros inferiores no chão e a flexão do tronco, há maior eficácia da atuação da musculatura abdominal e perineal e facilitação do esvaziamento retal. Não se deve recostar nem ficar com os pés sem apoio durante a evacuação.

A prisão de ventre também pode ser decorrente decausas orgânicas. Nestes casos, o paciente, normalmente, se queixa de cólicas e distensão abdominal; às vezes, tem febre, além de eliminar sangue e muco pelas fezes (clique e leia os artigos).

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