Quem tem herpes labial, tem o genital também?

Quem tem herpes labial, tem o genital também?

O herpes é uma doença causada por um vírus, que se apresenta como pequenas bolhas transparentes, principalmente na pele, lábios ou nos órgãos genitais. O herpes tipo 1 (HSV-1) causa lesão oral, geralmente lábios ou na parte interna da boca. O herpes tipo 2 (HSV-2) é o principal responsável pelo quadro de herpes genital. Uma vez adquirido o vírus do herpes, este permanece em nosso organismo em sua forma latente nos gânglios nervosos, podendo ser reativado. É uma doença contagiosa e benigna, mas que costuma se manifestar por diversas vezes.

O herpes representa a doença viral mais comum no homem moderno, excluindo-se as infecções respiratórias. Talvez o herpes simples seja tão frequente (40 e 75% dos adultos apresentam lesões herpéticas recorrentes) não só pela falta de diagnóstico correto em todos os casos, mas, provavelmente, porque não é tratado de forma adequada em todos os pacientes e em todos os episódios da doença, independentemente da especialidade médica e odontológica em que o paciente se apresente para ser atendido. Quanto mais vírus e recorrências frequentes sem tratamento, maior o potencial de contaminação.

A contaminação é através do contato direto com a lesão. A recidiva do herpes pode se dar após um período de estresse, exposição prolongada ao sol, infecções ou em períodos de depressão ou baixa imunidade do organismo. De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), só no Brasil, mais de 640 mil pessoas entre 15 e 49 anos, estão contaminadas com o vírus Herpesviridae, causador do herpes. A prevalência aumenta com a idade, uma vez que a infecção é adquirida ao longo da vida.

Apesar do grande número de infectados, estima-se que uma margem de 70% deles já manifestou ou irá manifestar a doença em alguma fase da vida. Os cerca de 30% já entraram em contato com o vírus e criaram anticorpos contra o herpes. Entre as DST, o herpes genital está em quinto lugar das infecções de transmissão sexual na população sexualmente ativa.

Clamídia: 1.967.200
Gonorreia: 1.541.800
Sífilis: 937.000
HPV: 685.400
• Herpes genital: 640.900

MITOS E VERDADES SOBRE O HERPES

Há diferença entre o vírus que provoca herpes labial e o herpes genital?

Ambos pertencem à mesma família, mas são subtipos diferentes. O HSV-1 provoca herpes labial eo HSV-2, o herpes genital.

Quem tem herpes labial, tem o genital também?

Não. Para possuir os dois tipos, é necessário que haja contaminação em cada local específico para a manifestação das lesões.

Mas uma pessoa portadora do herpes labial pode contrair o genital ou vice-versa?

Sim. Um mesmo indivíduo pode ter vírus dos dois tipos. No entanto, o indivíduo com herpes labial que adquire herpes genital geralmente desenvolve uma infecção mais branda.

Como ocorre a transmissão do herpes genital?

A maneira habitual de contágio do herpes, na sua forma genital, é pelo relacionamento sexual (oral, anal ou vaginal). A transmissão ocorre quando as pequenas bolhas, que se formam durante a manifestação dos sintomas, se rompem, ocasionando uma ferida e eliminando o líquido do seu interior. Esse líquido, ao entrar em contato com mucosas da boca ou da região ano-genital do parceiro, pode transmitir o vírus. Enquanto persistirem as bolhas e feridas, a pessoa infectada estará transmitindo a doença. Na presença dessas lesões, a pessoa deve abster-se de relações sexuais, até que o médico as autorize.

E a transmissão pelo herpes labial?

A transmissão do vírus do herpes pode ser através da pele, saliva e utensílios.Ou seja, tanto pelo contato direto como beijo, ou indireto com o compartilhamento de objetos como copo, talheres, guardanapos, lençol, lâminas de barbear, travesseiros, batom etc. Evite também falar muito próximo de outras pessoas, principalmente de crianças. Portadores de herpes labial devem tomar cuidado para não se autocontaminar na fase das bolhas: não fure as bolhas, lave sempre bem as mãos após manipular as feridas pois a virose pode ser transmitida para outros locais de seu próprio corpo, especialmente as mucosas oculares e bucal.
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O portador do herpes tem algum sintoma antes de surgir as bolhas?

O portador de herpes pode sim, prever com antecedência de até 24 horas horas o aparecimento das vesículas e bolhas, pois existem sintomas que antecedem o aparecimento das mesmas: o local fica dolorido nas primeiras 12 horas, com prurido ou ardência. Quase sempre, junto com estes sintomas, o local apresenta-se inchado e quente. Pode-se afirmar que o paciente herpético recorrente sabe hoje, que amanhã terá lesões recorrentes, ou seja, “no dia seguinte haverá as primeiras vesículas e bolhas”.

Quem tem herpes labial pode transmitir o vírus por sexo oral?

Sim. O sexo oral deve ser evitado durante a fase ativa do herpes.

O vírus do herpes pode ser transmitido pelo sangue?

Não. O vírus do herpes não é transmitido pelo sangue, esperma ou secreção vaginal.

Herpes genital é sinônimo de infidelidade?

Não. A contaminação com o vírus pode ter ocorrido há muitos anos sem que tenha havido alguma lesão (bolha). Pode ser que em algum momento da vida, com a exposição a algum fator desencadeante da virose, como baixa imunidade e estresse, as lesões características do herpes se desenvolvam. Contudo, a contaminação foi anos atrás, o que não significa que seu parceiro seja o responsável pela sua contaminação ou doença atual.

O tratamento é o mesmo para os dois tipos de vírus?

Sim. Tanto o tempo de tratamento quanto a substância utilizada. Alguns médicos preferem mudar um pouco a dosagem, mas a medicação é basicamente a mesma.

Quando deve-se iniciar o tratamento?

O tratamento deve ser iniciado tão logo comecem os primeiros sintomas, assim o surto deverá ser de menor intensidade e duração. Não se automedique. Procure sempre um médico quando do surgimento do herpes. O tratamento é feito com antivirais orais. Os antivirais tópicos são questionáveis, pois apenas diminuem a eliminação do vírus, mas não influenciam na evolução do surto.

Em que fase é transmitido o vírus?

Na existência das bolhas é o período mais crítico e de maior transmissão. O herpes dá sinais de seu surgimento com coceira e ardência no local onde surgirão as lesões. A seguir, formam-se pequenas bolhas agrupadas sobre área avermelhada e inchada. Quando as bolhas se rompem liberam um líquido repleto de vírus e formam-se crostas. Esta é a fase de maior perigo de transmissão. Todo o processo dura de 5 a 10 dias e não deixa cicatrizes.

Quais são os cuidados na gestação no caso de herpes labial ou genital?

Mesmo que a mulher não tenha lesões visíveis, deve informar o médico de que é portadora do vírus do herpes genital, se pretende engravidar. Na gravidez, herpes genital pode representar uma preocupação. Segundo o ginecologista Prof. Dr. Thomaz Gollop, o vírus do herpes, em poucos casos, pode provocar malformações, além de perturbar o desenvolvimento do feto. Caso o herpes seja genital e ocorra no fim da gestação, a gestante não deve ser submetida ao parto normal, pois o vírus pode contaminar os olhos do recém-nascido e trazer graves problemas, como lesões oculares.

Para as pessoas já infectadas pelo vírus do herpes, em que condições ele costuma se manifestar?

Uma vez adquirido o vírus, este permanece em nosso organismo em sua forma latente nos gânglios nervosos, podendo ser reativado. Determinados fatores podem favorecer a sua aparição, estes podem ser:

• Raios do sol, principalmente os UVB, mas também os raios UV artificiais (câmaras de bronzeamento artificial). O sol seria responsável por 25% das recorrências de herpes labial. Esses raios fragilizam o sistema imunológico e favorece a reativação do vírus.
Doenças infecciosas com gripe, resfriados;
Febre (muitas vezes ocasionada devido a uma fragilização do sistema imunológico);
• Problemas psíquicos ou nervosos como, por exemplo, o estresse (sobrecarga de trabalho, etc) ou uma sobrecarga de emoções.
Fadiga: após uma mudança de fuso horário, jet-lag após o retorno das férias, etc.
Frio;
Ferimentos na boca ou genital;
• Uso de calças apertadas;
• Enfraquecimento do sistema imunológico, por exemplo, devido a uma grande fadiga ou a doenças do sistema imunológico;
Menstruação (variações hormonais).
Depilação na virilha.

O herpes é considerado uma doença grave?

O herpes localizado nos lábios e genitais não é grave. No entanto, incomodam e o infectado está sujeito a muitas recaídas. Existem formas graves da doença como, por exemplo, a infecção disseminada pelo organismo, a meningoencefalite (inflamação da meninge e do encéfalo) e a estomatite herpética (que provoca lesão na boca).

Portadores de herpes devem se vacinar? Existem vacinas para evitar recaídas?

Não existem vacinas eficazes para evitar a primoinfecção herpética (infecção inicial), nem as recaídas do herpes labial ou genital. Ainda está em pesquisa uma vacina que se aplique antes de contrair o herpes, que seja realmente preventiva e que evite o contágio.

Existe algum tratamento que previna o herpes em pessoas que costumam manifestá-lo com grande frequência?

Sim. Quem tem herpes com muita frequência pode tomar medicamentos antivirais. As crises são desconfortáveis e afeta psicologicamente a vida do indivíduo. No caso do herpes genital, o maior incômodo é o que diz respeito ao relacionamento sexual. Já o herpes labial é a questão estética. Uma modelo profissional ou uma cantora não podem ter herpes labial frequentemente. Portanto, ele deve ser evitado, porque quando a lesão já está presente não há mais o que fazer além de usar a medicação e esperar alguns dias, tempo necessário para o remédio agir e determinar o desaparecimento da lesão.

Hoje, os melhores resultados para quem já contraiu o herpes e que apresentam recaídas em curto espaço de tempo, são conseguidos pela administração continuada de medicamentos antivirais como o aciclovir (Zovirax®), famciclovir(Fanvir®) ou valaciclovir (Valtrex®) em doses pequenas, por tempo prolongado (1 a 2 anos). Esta condição necessita de orientação médica especializada, para avaliar caso a caso.

Fonte: conteúdo do site e livro medicina mitos e verdades (Carla Leonel)Sociedade Brasileira de Infectologia, Ministério da Saúde, Fonte: Scielo (Alberto Consolaro e Maria Fernanda M-O. Consolaro), Associação Proteste.