Tremedeira durante ou após anestesias

Tremedeira durante ou após anestesias

O que provoca tremedeira durante e após anestesias? É perigoso?
O homem é um ser homeotérmico, ou seja, mantém sua temperatura constante apesar da variação da temperatura ambiente. As reações químicas e os processos biológicos essenciais à vida requerem que nossa temperatura seja mantida dentro de estreitos níveis — próxima dos 37 graus centígrados. Quando expostos a baixas temperaturas, todos nós reagimos procurando abrigo. Ao mesmo tempo, são desencadeados outros mecanismos destinados a manter o calor do corpo.

No sistema nervoso central existe uma região, o hipotálamo, que recebe informações de diversas áreas do corpo. Quando detectadas alterações na temperatura dos diferentes tecidos, são desencadeadas, a partir do hipotálamo, respostas reflexas destinadas a regular nossa temperatura. Nossos pelos ficam eriçados, a fim de impedir a movimentação de ar, criando uma barreira de proteção. A pele torna-se pálida, refletindo vasoconstrição (diminuição da circulação do sangue) nas camadas externas do corpo e conservando nosso calor. Nós nos encolhemos, reduzindo a superfície exposta ao frio, e movimentamo-nos, produzindo calor a partir da atividade muscular. Os tremores consistem em movimentos musculares generalizados e involuntários associados a aumento do metabolismo e geração de calor. Os tremores (calafrios) vêm a ser uma manifestação relativamente comum na recuperação dos diferentes tipos de anestesia.

Em operações prolongadas, realizadas em salas refrigeradas, a exposição de músculos e do conteúdo das cavidades torácica e abdominal resulta em perda de calor e hipotermia (diminuição da temperatura corporal). Se, em condições normais, o ar que inalamos é aquecido ao atravessar a cavidade nasal e a traqueia, no paciente intubado o gás inalado alcança diretamente os pulmões. A anestesia contribui para a hipotermia, reduzindo o metabolismo e atenuando a vasoconstrição na superfície do corpo. Assim, a hipotermia é consequência previsível, particularmente, em intervenções prolongadas.

Alterações do metabolismo associado aos calafrios pode ser mal tolerado em idosos e em pacientes com limitações graves de saúde, como os que possuem doenças cardiovasculares ou pulmonares. Há medidas básicas destinadas a evitar a hipotermia. Entre elas, encontram-se o controle da temperatura das salas de operação (acima de 21 graus centígrados), o uso de colchões ou mantas térmicas e o aquecimento dos gases inalados.

Prof. Dr. José Luiz Gomes do Amaral é Professor Titular da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva da Escola Paulista de Medicina, Ex- Presidente da Associação Médica Mundial e autor do capítulo de Anestesiologia do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel). *Matéria do livro.

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